Quem estava à toa na rua parou pra ver a banda passar. Mas a maioria sabia da novidade e estava à espera da Banda Musical do Colégio Gonzaga, que mostrou à comunidade que está de volta com um desfile de quase três horas por ruas do centro de Pelotas, no final da manhã deste sábado (3). A data escolhida não foi por acaso, o dia 3 de setembro marca os 64 anos da entidade, que relembrou ainda os 50 anos do primeiro dos três títulos consecutivos no Campeonato Nacional de Bandas, realizado em São Paulo, nos anos de 1972, 73 e 75. A retomada das atividades ainda celebrou o reconhecimento da entidade como Patrimônio Histórico Imaterial de Pelotas, projeto Lei nº 91/2022, do vereador Paulo Coitinho (Cidadania), aprovado pelos membros da Câmara de Vereadores.

Sob o comando o maestro Renato Vitória, os instrumentistas soltaram os primeiros acordes um pouco antes das 11h, no pátio do Colégio Gonzaga, emocionando, principalmente, os pais e avós dos alunos que conheceram a triunfal banda da década de 1970. E não era só dentro da escola que o público aguardava a reestreia, do lado de fora, muita gente espera a saída para acompanhar o cortejo musical enquanto ele estivesse acontecendo.

A saída foi pela rua Senador Mendonça em direção a Andrade Neves ao som de Love's theme, de Barry White, contagiando a plateia que explodiu em aplausos, além de algumas lágrimas. O momento foi também de reencontros para quem presenciou a história da banda bem de perto, como o funcionário público do município José Antônio Martins, 65, saxofonista (sax alto) da banda nos anos 70. "Eu fui campeão brasileiro e esse ano. A banda não era uma banda, era uma orquestra naquele tempo", relembrou emocionado.

Martins ainda contou que os músicos desfilaram pela a avenida São João na capital paulista tocando esta mesma música e, em seguida, tocaram o tema do filme 2001 - Uma odisseia no espaço. "Depois que tocamos essas músicas as arquibancadas ficaram vazias, todo mundo nos acompanhou. Era uma coisa fantástica", disse. Em meio a abraços de tantos outros instrumentistas daquela época que foram dar apoio ao retorno da banda, Martins e o professor do IFSul Hamilton Coutelle, 63, outro da linha de saxofones, aprovaram a iniciativa. "Nós éramos um furacão", falou Coutelle, que depois da fase da banda tocou muito em bailes e festas da região. "Tempo bom", disse.

Depois da Senador Mendonça a banda seguiu pela rua Andrade Neves, onde engrossou o número de seguidores, dezenas se amontoavam para acompanhar os músicos. Até quem estava trabalhando foi pra frente do estabelecimento comercial para ver e aplaudir. Nesse percurso, claro, o momento foi conteúdo de muitas redes sociais.

Reconhecimento

Na volta, pela rua 15 de Novembro, a banda do Gonzaga parou em frente a prefeitura, onde foi recepcionada pelo vice-prefeito, Idemar Barz (PSDB), o vereador Paulo Coitinho (Cidadania), além de outras autoridades. Presente neste momento, o diretor do Colégio, professor Carlos Santo, recebeu do vereador uma placa marcando o reconhecimento da banda como Patrimônio Histórico Imaterial de Pelotas.

Quando o grupo chegou na praça na praça José Bonifácio, o mor da banda Nedi Fernandes da Rosa, que entrou para a entidade em 1968, aos 14 anos, emocionou-se ao agradecer o apoio do público, da direção da escola, e principalmente o empenho dos músicos, que desde 2019 acreditaram no sonho de verem a banda de volta às ruas. "Nós temos que nos orgulhar do que é nosso e torcer pelas coisas boas que Pelotas tem. A banda do Gonzaga é uma paixão", disse.